quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

EMIR RIBEIRO, O CRIADOR DE VELTA, CONCEDE UMA ENTREVISTA

O entrevistado de hoje está na briga pelas 
HQs há anos, de forma independente
 e conquistando a cada dia mais espaço na mídia e o reconhecimento dos seus leitores 
e amigos do metiê. 
Ele é o criador de personagens genias que
 marcaram época e que até hoje estão 
sendo publicados e que também povoam
 o imaginário popular. Distante dos
 grandes centros urbanos fez, ao longo
 de sua carreira, um verdadeiro milagre ao
 tornar seus personagens conhecidos
 até internacionalmente.
Sem dúvida, este homem é um dos 
grandes mestres das HQs nacionais e
 sempre foi considerado, 
por muitos, como uma figura polêmica, 
que fala tudo na lata e que jamais
levou desaforo para casa.
Curta, agora, uma bate-papo maravilhoso
 com este cidadão que sempre admirei, 
por sua luta, sua garra e perseverança.
 Meu amigo, o bengala-brother...

EMIR RIBEIRO,
 O CRIADOR DE VELTA!



TONY: 1 - Olha, ultimamente tenho entrevistado muitas feras, muitas figuras lendárias das HQs nacionais, e você, obviamente, não poderia faltar, grande Emir. Sempre fui seu fã e adoro a Velta.
É um imenso prazer poder "papear" contigo, poder entrevistar uma figura tão singular e polêmica, quanto você. Vamos nessa?
Pergunto: Emir Lima Ribeiro, nasceu na Paraíba,
em que dia mês e ano?

EMIR: Grande Tony, você também é uma lenda dos quadrinhos nacionais, cujas produções 
fazem parte da minha coleção. 
Por isso, o prazer em manter 
esta conversa ainda é maior.
Bem, vamos à resposta objetiva:
nasci em 07 de abril de 1959.



TONY: 2 - É uma honra saber que meus 
trabalhos fazem parte do seu acervo, creia-me...
 nasceu em 1959? Opa! Eu nasci em 56...
 somos da mesma geração... portanto, você, de fato,
pertence a milenar Confraria Jurássica 
dos Bengalas Friends...
 bem vindo ao Bengalas Boys Club, 
mano-véio. (Rsss...).  
Atualmente, você mora em que cidade
 e em que região da Paraíba?

EMIR: Continuo em João Pessoa, de onde só saí por alguns curtos períodos - nunca superiores a um ano.

TONY: 3 - Seu pai, pelo visto, foi ou é um intelectual... voces fizeram muitos trabalhos em parceria. Fale-me um pouco mais sobre ele. Seu pai também desenhava (desenha) ou apenas escrevia (escreve)?  Quem foi ele, ou quem é ele? Que obras de cunho intelectual seu querido pai realizou?

EMIR: Para falar a verdade, meu pai 
foi bem mais atleta do que intelectual.
 Aliás, ainda é, pois, hoje, aos 76 anos, 
joga sua pelada semanal, em um time 
chamado “Sub-100.” 
Quem começou o vício por quadrinhos
 na família, fui eu. 
E quem me viciou em HQ foi minha
 avó materna, Francisca 
(hoje, ainda viva, aos 93 anos).
 Ela, desde os meus cinco anos
 de idade, me presenteava 
semanalmente com um gibi novo, 
quando me levava para fazer 
compras e feiras. Todas as revistas 
que ganhei dela, continuam 
guardadas e colecionadas.
Voltando a meu pai, ele nunca desenhou,
 mas, sempre gostou de escrever.
 A princípio, se opôs à minha mania 
pelos quadrinhos. Achava que me
prejudicaria na escola, mas, 
quando viu que as notas não 
baixavam, esqueceu o assunto.
Nossa parceria teve início 
em 1975, com o personagem Itabira 
e com a série da História da 
Paraíba em Quadrinhos, que 
começou sendo publicada
 no jornal “A União.”

TONY: 4 – Que maravilha... Aos 76 anos 
seu pai ainda bate-bola? 
Taí um grande exemplo de vitalidade e espírito jovem.
 Tem nego por aí que aos 25\30 anos já e
stá no “bico-do-corvo”, mais morto 
do que vivo.(Rsss...). 
Apesar de você dizer que seu pai não
 é um intelectual, ele escreve muito
 bem e leva jeito pra coisa... agora,
esta sua história da avó, é show de bola!
 Quer dizer que foi ela, a dona Francisca – 
que taí, “firme-na-paçoca”, aos 93 anos-, 
que incentivou você a ler gibis... que coisa 
fantástica. Grande espírito tem a vovó Chiquinha. Manda 
um beijão pra ela e um mano-amplexo pro seu pai... 
Quando e por que foi que você decidiu se 
tornar um editor independente?

EMIR - Houve várias tentativas, desde 
o final de 1974, mas, elas esbarraram
 na falta de patrocínio. 
Somente em 1978, consegui lançar
meu primeiro título independente, 
conseguido graças à 
insistência do meu irmão Mirson, 
e o desprendimento do saudoso 
Professor Francisco Pontes da Silva, 
então diretor da Gráfica Universitária da UFPB, 
que imprimiu a revista 10-ABAFO gratuitamente, 
somente para nos incentivar.

Tony: 6 – Seu mano Mirson, foi um grande brotherzão, pelo visto, e o professor Francisco Pontes deu o “grande empurrão” que faltava para você, digamos, pra  você “pegar no tranco” (Rsss...).
A revista 10-ABAFO – achei o nome genial-, ela foi lançada em 1978, então, foi o seu primeiro lançamento? Como aconteceu?

EMIR – Sim. Foi uma edição sem capa colorida
e impressa em um papel rosado. 
No mês de outubro de 1978, foi para
 as bancas, e já contava com alguns 
pequenos patrocínios. 
Vendeu apenas sessenta exemplares, 
mas, consegui vender os 940 restantes
 através dos correios, ao longo de alguns anos. 
De qualquer modo, esse pontapé
 inicial serviu para conseguir 
mais patrocinadores e reuni 
o bastante para imprimir o segundo número, 
que até saiu com capa em cores.

Tony: 7 – Sem dúvida, este lançamento foi um marco na sua bem-sucedida carreira profissional, bengala-friend! Parabéns! Vamos falar sobre Velta... ela é uma de suas criações mais marcantes. Ao longo dos anos ela cativou muitos leitores, inclusive, eu... (Rsss...). De onde veio a inspiração para criar Kátia Maria Lins, que ao se transformar na deliciosa loiraça super sexy chamada Velta, passa a ser dotada de poderes extra-normais, Emir?

Eis a estonteante, a traumatizante, Velta, criação-Mor
 do mestre Emir Ribeiro

EMIR - Ah, a loura que inspirou a 
forma física da Velta foi encontrada em
 uma praia, no Recife. 
Usava longos cabelos à altura da cintura.
 Nunca mais vi essa mulher. 
Quanto à Kátia, tinha de ser bem diferente 
da Velta, e por isso, a fiz morena.
 Seu primeiro nome era – pasme –
 “Kate Fills.” Uns poucos anos 
depois, caí em si, e vi o quanto 
era esquisita essa compulsão de 
usar nome em inglês numa personagem brasileira. 
Fui mudando, gradativamente. 
Já no 2º número da 10-ABAFO, “Kate”
 passou a ser um apelido que um 
namorado deu para “Kátia.” 
Aos poucos, fui fazendo “Kate”
 sumir, e ficando apenas “Kátia”. 
Quanto à sensualidade da Velta, 
e sua mania de vestir poucas 
roupas, foi uma forma de 
rebeldia contra a censura da 
ditadura militar da época, bem 
como o fato da maioria dos 
protagonistas dos quadrinhos d
e aventura serem homens musculosos. 
Sempre gostei de ir contra 
ditames, clichês e regras. 
Por isso, meus personagens sempre 
tentaram fazer diferente, 
apesar da inspiração inicial ter 
vindo dos super-heróis estadunidenses.


Tony: 8 – Todos nós sofremos a influência dos comics Made in USA, é óbvio. Empurraram eles pela nossa goela... (Rsss...).  Quer dizer que a personagem surgiu quando você viu desfilando na praia uma espécie de Garota de Ipanema, uma musa inspiradora? Uma Elô Pinheiro? Que legal... essa tal musa devia ser um "avião"! Kate Fills? Hmmm... nada comercial, esse nome. Velta, este é diferente e fácil de guardar. Esse lance seu de “remar contra a maré” também é do meu feitio. Acho legal, pois causa polêmica e polêmica é sinônimo de marketing gratuíto. Criei Fantaticman e uma porrada de nego protestou. Diziam, "onde já se viu criar um herói nacional com nome americano?" Será que essas antas não percebem que personagens de HQs devem ter uma linguagem universal? Daí, outros pegaram no meu pé, comentando "Tony Fernandes? Por que o nome americanizado?" Esse povo se esquece que esse "Tony" veio por parte da família da minha mãe, que eram descendentes de italianos. Daí a nona (minha avó), me chamava de Antonini ou Tony. Mudar pra quê? Sempre me chamaram assim. Atualmente estou publicando, pela editora As Américas, uma personagem chamada Apache e já tem nego dizendo "O cara só faz coisas gringas. Por que não fez uma índia brasileira chamada Iracema e coisa e tal". É simples... a cultura americana foi implantada ao longo dos anos em nossas mentes, através de filmes, música, cinema, etc. Em qualquer canto do planeta alguém sabe o que é uma índia Apache ou o que foi o velho Oeste. Se eu fizer Iracema, só poucos brasileiros saberão quem é. Portanto, ao meu ver, temas de HQs devem ser universais. Outra coisa, o leitor tupiniquim é o primeiro a torcer o nariz pra temas regionais. Isto é terrível, mas é fato. Na Bélgica, o Hermman faz uma série sobre o cangaço, com sucesso. 
No Brasil, esse tema nunca emplacou nos gibis. 
Bem... o que importa é que sou brasileiro, nasci aqui, amo 
este país e faço um trabalho em prol das 
nossas HQs e, não, em prol das HQs gringas, pô... Voltando a falar de polêmica... 
ela é sempre salutar, gera um marketing gratuito.
 Aprendi isto com a publicidade.
 Sempre achei as personagens
 femininas mais marcantes e instigam 
os adolescentes e sua Velta é 
super sensual, deliciosa, gostosíssima, 
com todo o respeito, é óbvio... (Rsss...). Bem bolada...
Você tem idéia de quantas edições já lançou da loiraça boazuda? (Rsss...).  
E dos demais personagens?

EMIR – Nunca me preocupei em contar, mas, num cálculo grosseiro, levando em conta os períodos em que publiquei em jornais da Paraíba, multiplicando as semanas pelos anos, devo ter produzido mais de 500 páginas semanais e cerca de 1.200 tiras diárias, com variados personagens (mais com a Velta, claro, por ser a preferida do público). Já as revistas independentes, podem ser contadas mais facilmente.

Tony: 9 – Impressionante... Sabe, você
 sempre me chamou atenção, principalmente,
 pela sua fantástica produção. 
Você sempre foi uma verdadeira 
“máquina de fazer HQs”, coisa rara por aí. 
Só produz assim quem, de fato, adora
 fazer quadrinhos, porque eles 
dão um puta trabalhão. 
Quem faz HQs profissionalmente 
sabe disso e de como os prazos 
são curtos. A maioria dos autores 
que conheço – profissionais – 
levaram a vida toda pra conseguir 
produzir uma centena de páginas. Isto é ridículo. 
Depois, tem gente que quer brigar 
hasteando a bandeira da nacionalização. 
Nacionalização não existe se não houver
 produção nacional. 
Nego faz 10 págs por mês e acha que
 faz muito, acha que é gênio.
 O que um editor vai fazer com 10 págs? 
Nada! Essa galera precisa aprender
 a criar, a fazer, e a vender projetos
 fechados (edições completas). 
Fica bem mais fácil de negociar. 
O que sempre admirei nos gringos
é a fantástica produção deles. 
Os caras produzem aos quilos, em equipe. 
 Eles transformaram as HQs em indústria e 
esparramam ela pelo mundo afora. 
É claro, que em meio a esta avalanche de
 HQs sai muito lixo, mas sempre 
aparecem as coisas geniais também. 
Hollywood, quando começou, também fez 
uma produção em massa, verdadeira 
“pastelaria” (Rsss...)... 
Noventa por cento era lixo, mas logo 
surgiram os clássicos do cinema internacional. 
Sem produção, caro bengala-friend, a
 coisa fica difícil. 
Mas, de volta ao nosso bate-papo... 
Quantos personagens você já criou? 
Pode nos falar um pouco a respeito deles?

EMIR – Também não me preocupei em contar. Entre principais e coadjuvantes, devem ser centenas. Prefiro me concentrar em trabalhar com poucos, para que as histórias não fiquem tão confusas. De qualquer modo, fiz “fichas” de alguns deles, e podem ser vistas neste endereço:



TONY: 10 – Depois, vou lá conferir este link... 
beleza. Nós, autores, que tivemos o 
privilégio de nascer e morar no 
eixo Rio\S. Paulo sabemos da 
dificuldade que se tem em 
conseguir publicar nossos próprios 
personagens, mesmo tendo muitos 
editores bem próximos da gente.
 Quando me perguntam "Dá pra viver de HQs no Brasil?" Respondo que dá, óbviamente. 
Basta você entrar numa grande editora, 
arrumar um emprego e trabalhar, por 
exemplo, com os quadrinhos Disney...
 mas, publicar seus próprios 
personagens aí é outra história. 
Se nós conseguimos, isto prova que 
a coisa não é impossível, mas 
tem que ralar, correr atrás ou 
ser empreendedor, como somos. 
Mas, falando sobre produção... 
eu fico impressionado em saber 
que alguém, como você, longe dos
 grandes centros urbanos, conseguiu 
se manter ao longo de todos esses anos,
produzindo, editando e vendendo
 seus próprios produtos editoriais.
 E o mais interessante, conseguiu 
torná-los bem conhecidos 
aqui dentro do país e até
 internacionalmente. Isto é coisa de guerreiro... 
é coisa de cabra macho, do nordeste, 
arretado, teimoso e valente, que 
não leva desaforo para casa. 
Meus parabéns... pergunto: 
Seus produtos também são - 
ou foram - distribuídos em 
bancas, na sua região, 
desde o princípio?

EMIR – Durante alguns anos, consegui distribuir minhas edições na Paraíba, e nos vizinhos Pernambuco e Rio Grande do Norte. Mas, chegou uma época que comecei a incomodar, e fui barrado das bancas. Isto é, as distribuidoras nem aceitavam receber minhas revistas para espalhar pelas bancas. Esse boicote começou, primeiramente, nos estados vizinhos, e depois de mais alguns 
anos, chegou na PB. Nesse intervalo,
cheguei a ver edições minhas serem escondidas das vistas dos leitores. Colocavam outras revistas na frente (ou sobre) as minhas, e às vezes até brinquedos... 
e na falta de outro material, flagrei uma banca 
onde foi colocado um TIJOLO 
sobre uma revista da Velta.

Tony: 11 – Pois é... jornaleiro se mela todo com medo dos fiscais de banca da distribuidora, que podem dedurar na central, que o cidadão tá pegando material de editor independente, e os caras - os chefões - podem mandar cortar ou diminuir o reparte dos títulos mais vendidos daquela banca - as chamadas revistas de ponta, carros-chefes. É foda... é uma puta sacanagem, né? 
Tem mais uma coisa, a maioria das bancas são financiadas por ELES, daí os caras ficam amarrados com os poderosos.
 Sabe como é... Quando eu tinha a Phenix Editorial – década de 90 -, decidi montar um esquema que chamei de “distribuição alternativa”. Como o distribuidor oficial da época – Fernando Chinaglia -, fazia um trabalho de merda – quebrei paus homéricos com um tal de mister Santoro, o cabeça da citada distribuidora na época, e os chamei de incompetentes. Chutei o pau da barraca. Porém, hoje vejo que fui burro, ingênuo, ao declarar guerra abertamente. Deveria ter agido na surdina, ir comendo pelas beiradas. Mas, fiquei puto quando mandei diversos títulos de revistas de atividades infantis - 30 mil de cada -, e uma semana depois eles me mandaram metade de tudo de volta alegando que os jornaleiros não queriam pegar os produtos e ainda deram uma bronca. Soltei os cachorros em cima deles, meu amigo. Afinal, eu era o cliente, que estava pagando 50% do preço de capa para eles fazerem o trabalho, que se revelou um trabalho de merda. Quem tinha que bronquear era eu, que estava pagando por um serviço mal-feito e, não, eles. Subiu os sangue.
Disse à esse cidadão, que se eles não tinham competência eu ia distribuir e vender meus próprios produtos. Daí, comecei a pegar os encalhes e os vendia dando 50% de desconto do preço de capa para os distribuidores regionais das principais capitais do país. No início foi uma maravilha, vendíamos que nem água. A empresa começou a crescer, os pedidos aumentavam a cada dia. Mas, quando começamos a incomodar os poderosos nossos produtos começaram a ser recusados pelos nossos revendedores, que alegavam que estavam sendo pressionados, ameaçados, para não pegar nossas revistas. Quando fui saber a verdade, descobri que a distribuidora oficial ameaçava não entregar mais as revistas de ponta – as mais vendidas -, caso eles continuassem a pegar mercadoria diretamente da Phenix. 
Conclusão: cercaram o nosso 
belo esquema de trabalho e também 
acabaram contribuindo para que fechássemos as portas. 
Essa é que é a verdade. 
Não dá pra bater de frente ou brigar com o 
poder do capitalismo, Emir. De volta as questões...
Itabira, o índio, e o Cangaceiro - 
dois personagens tipicamente nacionais -, 
eles também são dois clássicos 
de sua autoria, bengala-friend... 
diga-me, como surgiu a idéia de criá-los?

EMIR – O mentor intelectual de Itabira foi meu pai, Emilson. Minha parte foi apenas dar a forma física e desenhar suas aventuras. Mesmo o projeto da História da Paraíba em quadrinhos foi idéia dele, e eu apenas cuidei da arte. Quanto ao Cangaceiro, seu surgimento decorreu de uma piada que li num gibi piauiense, onde um cangaceiro atirava num caubói norte-americano. Tratei, então de pesquisar bem sobre o tema, e produzi a revista, que foi patrocinada pelo programa “Bolsa-arte” da Universidade Federal da Paraíba, no final dos anos 70 do século passado.

Tony: 12 – Ahá! Te peguei, bengala-brother! 
Se o seu pai foi o mentor intelectual 
de Itabira, isto significa que ele 
usou o intelecto para criar o personagem. 
Portanto, você acabou de se contradizer, mestre... (Rsss...)... vamos corrigir a coisa... 
seu pai, apesar de se dedicar ao 
desporto também sempre foi 
um intelectual, OK? 
Assim a coisa fica melhor. 
Grande, "seu" Emilson! Bela sacada... 
seu filho, parece que bebe... (Rsss...). 
Transmita meus parabéns à ele!
Bem... então o cangaceiro foi idéia sua. Legal, 
a coisa ficou bem esclarecida, agora.
Esses incentivos, que você citou, 
deveriam ser maiores por todo o país...
 Atualmente, com o advento da Internet, 
surgiram milhares de autores 
independentes pelos quatro cantos do país.
 O pessoal edita e coloca aí nos Bigornas 
da vida para vender. 
A coisa ficou, aparentemente, mais fácil.
 Mas, caras como você e o Oscar
 Kern, do Sul, falecido editor da 
sensacional Historieta, foram inovadores, 
foram pioneiros, em se tratando 
de edições independentes. 
Vocês fizeram isto heroicamente 
numa época difícil para se divulgar e 
poder vender uma tiragem. Imagino que quando você 
começou a editar seus primeiros 
produtos, na certa, teve que enfrentar 
uma barra pesada. Como vendia suas publicações?
E, como conseguiu se manter firme, até hoje?

EMIR – Tony, se naqueles anos 70 
existisse Internet e computadores, 
eu teria feito miséria, pois, a
 facilidade de divulgação e 
espaço é enorme hoje na rede. 
Mas, como dependíamos dos
exorbitantes preços gráficos e apenas 
da propaganda boca-a-boca, ou 
feitas por trocas entre fanzines 
impressos em xérox, a coisa 
andava bem devagar. 
Mas, acredito que havia elementos 
fundamentais e abundantes naquela
época, que foram determinantes 
para a divulgação dos nossos personagens: 
amizade verdadeira entre os editores 
independentes e fanzineiros, 
espírito de grupo e emprendedorismo. 
Raramente se via quadrinhista ou 
fanzineiro falando mal ou achincalhando os colegas
 (como vemos hoje certos patifes 
fazerem, o tempo inteiro). 
Naqueles anos, quase todos se viam num mesmo barco, buscando os mesmos objetivos, e para 
isso, a união era importante.



Tony: 13 – Concordo. A turma do passado
 era mais unida. Nosso metiê, nos
 últmos anos, tá virando zona. 
O que aparece de nego pra meter o pau em 
quem faz, não tá no gibi... fazer que é bom, 
poucos fazem acontecer. 
Agora, críticos, que não fazem merda nenhuma,
 tá cheio por aí! Bem, vamos deixar 
esses abobrinhas pra lá... Durante anos a fio, 
você se manteve independente até
 se tornar bem conhecido.
 Em síntese, você é um marketeiro
 nato, que soube usar o dom que 
Deus lhe deu. Fez a coisa certa na 
base da porrada e chegou lá. 
Ganhou notoriedade e o respeito dos
 amigos de classe, da crítica e de 
seu público fiel. A primeira vez 
que vi um trabalho seu publicado e
 distribuído nas bancas de todo o país - 
se não estou enganado -, 
foi pela Press Editorial, dos amigos Franco
de Rosa e Paulo Paiva (grande P.P), 
dois grandes batalhadores das
HQs nacionais -, correto? 
Em que ano isto aconteceu?
Qual era o título da série?



EMIR – O Franco, já na época da Press, 
era um antigo amigo de “fanzinagem”. 
Como ele sabia que eu produzia 
muito e rápido, requisitou-me para
 as revistas eróticas e de terror da 
Press. Isso foi por volta de 1986. 
Lembro que produzi incessantemente, 
chegando a fazer cinco a seis 
páginas por dia. As revistas vendiam
 bem, e o pagamento era correto 
e sem atrasos. Ganhei um bom
 dinheiro naquela época, fazendo 
diversas séries e histórias avulsas.

Tony: 14 – Taí um belo exemplo... isso prova
 que dá pra se ganhar dinheiro com as
 HQs, desde que o sujeito tenha 
produção, se organize. Também faturei
 alto com elas e cheguei até a gerar empregos e consegui criar 
4 filhas fazendo HQs. Por isso
trabalhávamos em equipe, como os gringos... 
Agora, o que eu vi muito por aí era neguinho fazendo 10 pagininhas e querendo recebê-las a peso de ouro. 
Isto, pelo menos aqui no Brasil, nunca 
existiu. Pode existir na Europa, nos 
States, mas aqui? Nem que a vaca-tussa...


 O pessoal vinha das agências em busca
 das editoras pra fazer HQs. 
Mas, queriam receber milhões... será que essa gente não percebia que não dá pra comparar uma agência 
com uma editora? É óbvio que o 
preço editorial é inferior ao das
 agências, que tem contas milhardárias, 
como: Volksvagem, Nestlé, etc...
 só dá maluco. Nego acha que editor 
é tudo sacana - toda regra tem exceção-, que vai roubar personagem, que vai lançar um 
produto e ficar rico. Isto é mera ilusão. 
O que eu já vi de editor quebrar e sair cheio 
de dívidas... Ainda falando sobre sua 
HQ, lançada no circuíto comercial, 
via Press Editorial... você sabe me 
dizer qual eram as tiragens e 
qual foi a repercussão
desses seus produtos?

EMIR – Nunca perguntei isso ao 
Franco ou ao Paulo. 
Minha preocupação principal era produzir a maior quantidade de páginas que pudesse, mesmo caprichando o máximo nos roteiros e nas características e dramas dos personagens. E quanto a repercussão, posso dizer que ela ainda permanece viva até hoje, pois há leitores daquela época que não se conformaram com o cancelamento dos títulos, 
e ainda hoje me encomendam desenhos e histórias
 originais exclusivas (e pagam bem por isso).

TONY: 15 – Bom sinal, isso, guerreiro... significa que suas HQs marcaram época e que jamais cairam no esquecimento.... maravilha. A Press publicou quantos trabalhos seus?

EMIR – Nem imagino. Também não contabilizei a quantidade, Nunca deu tempo para isso.

TONY: 16 - Você parou com a Press, por quê?

EMIR – Porque a editora fechou. Senão, 

continuaria nela até hoje. 
Foi o grupo editorial mais honesto com quem
já trabalhei no Brasil.


TONY: 17 - Na década de 80 surgiu a lendária Grafipar, de Curitiba. Eu, apesar de ser funcionário da ed. Noblet, na época, também fazia freelas para a Bloch editores, RGE - Fermata, e para a Grafipar. Vi alguns trabalhos seus serem publicados por aquela saudosa editora, que era comandada pelo guerreiro Cláudio Seto (ex-Edrel), e o nosso escriba-Mor e boa praça Ataíde Braz...
Quantas HQs avulsas de terror
 e sexo você produziu para eles?

EMIR – Creio que só saíram duas, com a série “O Arquivo do Supermacho.” Só consegui espaço na Grafipar quando suas portas estavam para se fechar.

TONY: 18 – Que “zica”... (Rsss...). Você embarcou nessa justo quando a empresa tava indo pro saco?  Depois da Grafipar, que deu trabalho para muita gente na época, o mercado encolheu dramaticamente, mais uma vez. Já vi este filme muitas vezes e aposto que você também. De repente, a gente tá até conseguindo faturar razoavelmente bem com as HQs, daí as editoras vão pro saco e a gente sifú... fica aí a ver navios, à deriva... em virtude desses altos e baixos é que muita gente boa acabou abandonando a área e fugindo, literalmente, para as agências de publicidade, que na época eram um porto bem mais seguro pra quem tem família e quer levar uma vida normal. Você atribui esta ascensão e queda meteórica das empresas que se aventuram em lançar HQs nacionais, a quê? Má distribuição? Má administração? Má criatividade dos autores que não criam, em geral, um produto comercialmente viável? Falta de marketing? Preços altos demais?
Enfim, qual é a sua opinião pessoal?

EMIR – Nenhuma editora nacional consegue emplacar por muito tempo, diante do poderio mercadológico e financeiro da indústria estrangeira. Quando muito, o material nacional causa um impacto inicial, mas, depois, acaba sufocado pelas canalhices e jogadas sujas que acontecem “por de baixo dos panos.” Não há como lutar contra uma doutrinação mental lenta, insidiosa e insistente que bombardeia o público o tempo inteiro. É feita de forma que poucas pessoas percebem que são usadas como massa de manobra e “inocentes úteis” no trabalho de divulgar e perpetuar o consumo dos produtos dessa indústria. O pior é que tal lavagem cerebral não afeta apenas o público, mas, também os produtores nacionais, os quais são também ávidos consumidores dos seus concorrentes desleais.
E a coisa é tão bem articulada e executada que, se alguém se atrever a tentar abrir os olhos dessa gente, é visto como “xenófobo”, “inimigo” e outras qualificações e interpretações das mais equivocadas, tresloucadas e absurdas. O material nacional só emplacaria com o uso de um processo mercadológico similar ao usado por eles. De outra forma, será sempre visto como inferior e subproduto. Não há patriotismo nessa história: trata-se apenas de negócio, puro e simples... mas, parece que
 são pouquíssimos os que conseguem
entender algo tão simples.

TONY: 19 – Sua lucidez, em relação ao mercado, 
é espetacular. Parabéns! 
Você vê a coisa por um prisma realista, 
não é iludido, como muita gente 
que conheço. Os poderosos, os
 donos da grana, ditam o que o público 
deve ou não consumir, seja o produto:
 HQs, músicas, filmes, etc. Daí eles bobardeiam a cabeça das vítimas exaustivamente pela mídia até o panaca sair consumindo adoidado, sem saber por que. Isto é lavagem cerebral. Somos, todos, vítimas da sociedade de consumo, essa é que é a verdade. Na minha opinião, o que Adolf Hitler tentou fazer – dominar o mundo-, na base da porrada, a América fez numa boa, gradativamente, encutindo na cabeça dos jovens sua superioridade, seus costumes,
seu folclore, suas ideologias. Lembro-me bem que na época da minha juventude (faz tempo... Rsss...), aqui em São Paulo só se ouvia música americana nas emissoras de rádio. Raramente se ouvia MPB. A coisa era e ainda é tão forte que acabamos consumindo tudo que eles produzem, sem perceber que estamos ferrando o nosso próprio mercado de trabalho. 
Você disse bem, nas entrelinhas, cada gibi de herói 
gringo que um garoto ou um desenhista consome, é uma vaga
 a menos de trabalho para o setor nacional. Na década de 80, eu 
trabalhava na Noblet, mas vivia fazendo freelas. como já citei, 
 para melhorar o orçamento, já que a família estava em franca expansão. 
Nessa época, comecei a atender a gravadora RGE Fermata, 
graças ao meu grande amigo, o compositor Manoel Ferreira 
e sua esposa Ruth Amaral–  ambos são famosos autores de marchinhas 
de Carnaval gravadas por
Silvio Santos e outros bambas.
O Manuel era diretor de divulgação da gravadora. 
Nessa época eu tinha banda de rock 
e tinha um sonho: gravar um disco 
com minhas composições. Tinha uma 
visão ilusória do mundo do disco. 
Cara, quando entrei lá 
descobri que as emissoras só tocavam se
pagassem o famoso "jabaculê" 
e vi muita gente de nome, de joelhos, implorando pra gravar 
um disco e, o pior, sendo humilhado. Achei aquilo o mundo cão.  
Mas, isto não foi nada... como já disse, eu era jovem, roqueiro, 
“cabeça feita” pela mídia – um verdadeiro idiota americanizado-, 
é óbvio. E, portanto, odiava tudo o que não fosse rock ou 
oriundo dos States. 
Na gravadora havia o cast intenacional: Giorgio, 
D.D.Jackson - que estourou, naquela 
época, com uma música
 elerônica chamada "Automatic Lover" -, etc.
E havia o cast nacional: Roberto Leal, Pedrinho 
Mattar, Christian -o atual cantor country - 
da dupla Christian e Ralf -, que na época 
só grava em inglês- , David MacLean - 
meu amigo e excelente produtor musical 
chamado Hélio - que hoje deve estar
 ainda em Londres-, que também grava 
em Inglês e me apelidou de Tony Rocco, 
devido a minha voz grave), e uma
 porrada de cantores de menor 
prestígio que eu insistia 
em chamá-los de “cantores de empregadas 
domésticas”, pois tinham um repertório
 pra lá de brega. Caro Emir, quando passei 
a conviver com esses brégas e 
descobri a luta desses caras, 
comecei a mudar o meu conceito e 
os velhos preconceitos que tinha 
sobre eles. Pois, vi neles o meu próprio drama... 
eu também era, 
como eles, um cara duro, um artista novato 
tentando encontrar
 espaço pra mostrar o meu trabalho, 
sobreviver e sustentar a família. 
Cara, de repente caiu a ficha. 
Cheguei a uma conclusão: 
não era justo aqueles brasileiros 
estarem fodidos, brigando por um 
espaço que era quase que totalmente tomado pela indústria 
americana da música, em seu próprio país. 
Bom ou ruins, eles tinham e têm
 o direito de mostrar seus trabalhos, de viver 
com o dom que Deus lhes deu, tanto quanto eu, 
você, ou qualquer outro cidadão brasileiro. 
Foi aí que comecei a dar valor as coisas 
nossas, ao nosso povo, aos nossos 
artistas. Lá fora, tá cheio de nego 
produzindo lixo e 70% desse lixo vem pra cá, para os 
subdesenvolvidos consumir. Conclui: 
que era bem melhor 
consumir o nosso próprio “lixo” e 
contribuir com os artistas brasileiros, 
para que a coisa um dia evolua. De lá pra cá, mudei 
radicalmente e passei a apoiar 
qualquer iniciativa nacional. 
É justo, amanhã, seu filho, seu neto, 
ter que trabalhar pra fora do país – 
sendo explorado pelos gringos, 
que só visam mão-de-obra 
barata-, por que não encontram campo de trabalho
 em seu próprio país? Isto é ridículo. 
Formamos grandes cientistas 
e técnicos que têm que ir trabalhar na NASA, 
porque aqui no país
 morreriam de fome. Isto tem que mudar, um dia. 
Desculpe-me, se me empolguei... 
essas coisas me revoltam... 
porém, voltando a falar de HQs... 
As vendas em banca estão piorando 
a cada dia, apesar dos editores
não querem admitir isto publicamente,
 por razões óbvias... porém,
ao seu ver, este mercado tende a 
encolher cada vez mais?
 Ou a coisa pode mudar, um dia?

EMIR – Caso você esteja falando 
daqueles quadrinhos que já vem 
imperando por aqui há décadas, 
se depender de mim, pode acabar de uma vez. 
Cansei deles, completamente, a ponto 
de não agüentar nem ouvir falar. 
Não compro há mais de 20 anos, e 
tampouco assisto a filmes derivados
 dos tais. É como se fosse um tipo 
de comida já deglutida por anos 
a fio, a mesma, repetida, chata, 
cansativa e desgostosa. 
Chega um ponto que a pessoa fica enjoada 
de sentir o cheiro, ou até de olhá-la,
quanto mais voltar a comê-la. 
Foi o meu caso. 
Não suporto mais aqueles
amolantes quadrinhos gringos. 
Já saturaram, levaram à exaustão. 
Enfim– como digo sempre – 
curei-me definitivamente desse mal. 
Escapei da lavagem cerebral. Imagino 
que – na atual escalada - 
o quadrinho impresso, em bancas 
ou em gibiterias, tenda a acabar. 
A venda pelos correios – no caso dos meus – está
 registrando subidas neste ano. E espero que suba
mais ainda, no próximo.

TONY : - Bem... meu caro, bengala-brother, eu... eu
 me referia de um modo geral. Mas, concordo em número e grau com você, essas HQs alienígenas já cansaram. Personagens criados na década de 30 estão aí até hoje pentelhando nas bancas, batendo na mesma tecla. Por sorte, ou azar, sei lá... a vendas dos super-heróis também está indo pro vinagre... (Rsss...). A baixa é geral e mundial... Muito se fala em webcomics... ou seja, vender HQs via WEB... você acha que esta 
é a saída e uma tendência mundial?

EMIR – Parece ser, mas, não para mim.  Preferirei sempre os impressos. Detesto ler quadrinhos numa tela de computador, mesmo porque, se fico
muito tempo diante de um
monitor, irrita-me os olhos.

TONY : - O problema é que a garotada tem olhos de águia e adoram um computador... mas, eu sabia, sabia que um legítimo bengala-friend gostava de sentir o cheiro da tinta e do papel... também sou avesso a webcomics... ela pode até pegar, mas não é a nossa praia. Também acho que sempre vai existir os que adoram o material impresso, assim como ainda existem aqueles que preferem o vinil do que o CD-player. Grande Emir, qual é a sua visão, o seu conceito, sobre os editores nacionais?




EMIR – Como diz meu velho amigo 
Antonio Luiz Ribeiro, a maioria deles são 
“marvetinhos ou DCrebrados e aloprados” e
estão aí apenas para perpetuar aquelas mesmas baboseiras repetitivas que já cansamos de ver. Ou seja, só se importam em editar e imprimir Marvel e DC, e o resto que se arrebente – principalmente o quadrinho brasuca. Raramente surge algum editor sem essa visão estreita e infantilizada de adolescente deslumbrado com as pantomimas estadunidenses. E quando
surge, é uma pessoa sozinha em meio a uma manada que corre numa direção só. Fechando a resposta, novamente cito o Antonio Luiz, que escreveu, no passado, um artigo com o título “Editores, os canalhas de sempre.”

TONY: 22 - Seu amigo, cabra dos bons, Se ele se referiu aos poderosos editores, acertou em cheio. Eles não têm espírito 
 nacionalista ou de mudanças radicais... a maioria dos editores atuais não têm criatividade ou coragem de investir em novos produtos. Não saem da mesmice. Mas, de vez em quando surge gente como o Marco Antonio Faceto e o Fabiano – ambos da ed.
 As Américas - oMarco é o meu editor de Apache -, e o Lúcio Baúte – da Ed. Atenta -, esses caras fazem a diferença e sempre acabam fazendo história. Vamos falar sobre os distribuidores... aliás, eles não existem mais... ao comprar a Fernando Chinaglia o grupo Abril, agora, monopolizou o mercado.
Estamos na mão deles: TRILOG. 
O que você acha disso?

EMIR – Os distribuidores são os paus-mandados da indústria dos “comics.” Tudo fizeram, tudo fazem e tudo farão para derrubar qualquer editor independente que ameace o poderio e o monopólio dos seus senhores. Não passam de lacaios dessa indústria desleal, e cumprem muito bem seu papel de capachos, com todo o veneno que seu péssimo caráter permite.

TONY: 23 – Adoro este seu jeito simples, objetivo, de analisar a coisa e dizer a real... talvez por isso chamavam você de polêmico, mas você não é hipócrita e diz a verdade... só não vê as coisas, quem é cego. parabéns! Acredito que uma hora surgirá uma editora que possa mudar esse jogo... afinal, não há mal que sempre perdure... Há muitas lendas a respeito dessa aquisição do
Chinaglia - também conhecido como "Fernando Kanalha",
 no meio editorial, por ter afundado muitos editores (Rsss...).
Ouvi dizer, primeiro, que a Abril estava ruim das pernas e que tinha vendido parte das ações para um grupo sul-africano... de repente, surgiu a história de que a DINAP (Distribuidora Abril) tinha comprado a Chinaglia, que segundo dizem, estava à beira da falência... esta história tá mal-contada. Mas, veja, se o monopólio em nosso país é proibído por lei, como a AMBEV e a TRILOG, podem existir? Não há lógica nisso.
Poder do capitalismo, óbviamente. As regras - as leis -, só existem para os pobres, desde que o mundo é mundo...
esta também é a sua opinião?

EMIR – Confesso que não sei, e nem me importo em saber o que raio ocorreu no meio desse lamaçal. Há muito abandonei qualquer interesse sobre o que acontece com esses grupos. Trato apenas de fazer o meu trabalho para meu público restrito, e me concentro apenas nisso. Não tenho tempo para mais, e nem qualquer interesse. Por mim, Chinaglia, Abril, Trilog ou qualquer coisa 
que o valha, pode ir para a...
E, a propósito, se todos pensassem como eu, AMBEV ou qualquer outro fabricante de bebida alcoólica estaria morrendo de fome, ou então, iria procurar outra “lavagem de roupa” para ganhar dinheiro. O mesmo digo para cantores e cantoras: se só houvesse a mim como público, no mundo, eles iam ter de capinar ou apanhar lixo, etc, pois, ouvir música nunca foi essencial para minha vida. Pelo contrário, detesto barulho, gritaria e gente rebolando e saltitando em um palco.



TONY: 24 – Epa! Macho remexendo o esqueleto, tô fora, também!Mas, mulher rebolando aquela coisarada toda, eu adoro...quanto as distribuidoras, você pode 
até explodí-las, se quiser, mas as "brejas geladas"
 e o mulherio... 
Qual é a sua my friend? 
Isto é papo de abstênio, de maluco. 
Não dá pra viver sem
as donas e sem as "loirinhas geladas", 
ainda mais no verão... Radicalismo tem limites e nem todo 
mundo pensa igual, grande guru... eu até concordo 
com você em alguns pontos, pois respeito sua opinião, mestre... 
mas não vamos extrapolar... óxente! (Rsss...). 
Brincadeira, sei que você é um homem casado e é sério... (Rsss...).  Falando sério, novamente...
Você sabe, que na verdade as grandes idéias sempre acabam surgindo dos pequenos editores. Os grandes são muito burocráticos e raramente um diretor de departamento, que é bem remunerado, vai querer arriscar seu belo emprego e sua carreira colocando um produto que não vingue no mercado. Daí, sobra pros pequenos aventureiros, que têm que ser ágeis para não sucumbirem. Você não acha que as HQs 
nacionais nunca vingaram devido
 ao pouco interesse dos grandes editores?

EMIR – Todo o processo é um círculo vicioso 
nefasto, que se repete eternamente. 
Porém, o desgraçado que começou tudo, foi um editor. É o mesmo tipo de processo onde um empregador exige “experiência” para contratar esse empregado... mas, se ele nunca contrata um noviço, este jamais terá a experiência requerida. Noventa e nove por cento dos editores tem essa mesma mentalidade. 
E assim, se eles nunca
publicam o material nacional, levando a sério, este nunca ganhará experiência para crescer. E fica nisso que está aí, com cada um cuidando do seu e editando independentemente, para um público restrito.

TONY: 25 – Lucidez e discernimento total da realidade, congratulations, Emir... os caras - das grandes editoras -, eles
querem o profissional perfeito, pronto, e não dão chance
 para os caras evoluírem. Parece até que os americanos começaram lá em cima. Basta rever as coisas do passado como Superman e Batman... os desenhos eram um lixo. Evoluiram com o tempo, e bota tempo nisso, estão aí desde a década de 30... são prá lá de vozinhos (rsss...). 
Uma empresa que merece que eu tire o chapéu
é a ed. Abril. O grande mestre Jorge Kato fundou a "Escolinha Disney", que tinha como principal função preparar os jovens
profissionais, na década de 70. Coisa rara de se ver por aí.
De volta aso dramalhões mexicanos do mundo das HQs..
Quando eu editava, tínhamos que levar o boneco dos projetos, para avaliação, na distribuidora, quer elas fossem Chinaglia ou Dinap (Distribuidora Nacional de Publicações). 
Elas agiam de forma
bem parecidas. O curioso é que, quando era um projeto banal,
bundão, eles davam o OK rapidamente e sugeriam tiragens neutras de 15 a 30 mil exemplares.
OBS: São consideradas boas tiragens apenas as que são acima
de 50 mil exemplares, visto que em todo o país temos
 5 mil pontos de venda, é bom frisar.
Quando o projeto, de fato, era inovador, levavam cerca de 15 até 30 dias para nos dar um parecer. E não era de se estranhar vermos em breve, nas bancas, um produto similar, com alta tiragem, preço acessível, e em cores. Ou seja, nossas idéias eram, roubadas, modificadas e lançadas no mercado. Há casos em que certos editores acertavam em cheio em seus lançamentos e que depois eram procurados pelos grandes que desejavam comprar o título. Você já tomou conhecimento, também, desses estranhos casos de pura sacanagem e falta de criatividade, bengala-friend?

EMIR – Ouvi falar de casos assim, e não me espantam. Afinal, de gente sem caráter, pode se esperar qualquer tipo de malandragem.

Tony: 26 - Muita gente já me disse que você 
é uma figura polêmica, Emir... polêmico, por quê?
 Porque você diz a verdade, doa a quem doer?

EMIR – Deve ser, pois, sendo bem direto, a maior parte das pessoas adora ser enganada, adora se auto-enganar e fazer papel de pateta nas mãos dos espertos. Quando aparece uma viv’alma tentando falar a verdade para abrir-lhe os olhos, ao invés de agradecer, hostiliza e apedreja. Ou seja, o idiota curte ser idiota, e odeia sair daquele charco de imbecilidade e burrice. E quem não se enquadrar no pensamento grupal manipulado, leva a pecha de
 encrenqueiro e polêmico.
Certos imbecis que infestam a tal 
página de relacionamentos chamada Orkut, ficaram escandalizados quando, ao ser perguntado sobre uma “aplaudida” série de quadrinhos de 
super-heróis, respondi que não gostei e 
que a achava uma porcaria. 
Até hoje tem gente me xingando porque não acompanhei o pensamento da “maioria” (o gado) e da “crítica
especializada” (uns desocupados que não 
sabem escrever e nem desenhar). 
Ou seja, para ser aceito na manada, é preciso fazer coro e valorizar as mesmas bobagens que o tal grupo valoriza. Como não me interessa ser aceito por 
“grupelho” algum, respondi a verdade...


TONY: 27 – Concordo com você, cabra arretado... (Rsss...). Destoou do bando, fodeu... não se pode ter opinião própria.
Hoje, entrei no Facebook e tava lá todo mundo elogiando Harold Foster... sempre adorei os desenhos que ele fazia do Principe Valente, apesar do personagem ser afeminado, como o desmunhecado Tarzan do Hogart.. mas sempre achei as histórias do tal príncipe uma merda... aquilo, pra mim, não é história em quadrinhos... esta é a minha opinião, pronto e acabou. Assim como muita gente pode achar meu trabalho ruim, e isto é um direto que cada um tem - não tô aqui pra agradar gregos e troianos -,  eu também tenho de achar algo bom ou ruim... os "grupelhos", que discordarem do meu ponto de vista, 
que se explodam... (Rsss...).
“Grupelho?” Grupo de pentelhos? Essa foi genial sacada sua, Emir
 (Rsss...). Pois é, meu irmão, o pessoal adora Maria-vai-com-as-outras, vaquinha de presépio, que só balançam a cabeça... por sorte temos nossas próprias idéias e conceitos. Isto é maravilhoso... que Deus nos permita morrer assim, anarquistas, graças a Ele... (Rsss...). Você é originário da Paraíba, maravilhoso estado brasileiro, que já tive o prazer de conhecer... Deodato Borges e Filho, exatamente como você e seu pai, também se destacaram no cenário nacional e internacional. 
Qual é o seu relacionamento
 com esta outra dupla de guerreiros?

EMIR – Conheci logo o Deodato pai, em 1975, quando tentei publicar pela primeira vez em um jornal profissional – O Norte, onde o mesmo trabalhava. Na ocasião, ao ver meus desenhos, ele comentou que tinha um filho que estava rabiscando quadrinhos também, e como meus garranchos lhe pareceram com algumas qualidades que podiam ser incorporadas pelo outro garoto, queria que nos encontrássemos para trocar idéias. Foi quando conheci o Deodato Filho, e passamos a ser muito amigos. Houve algumas épocas de afastamentos, por motivos diversos, mas, estamos sempre em contato, e nos damos muito bem.



TONY: 28 – Legal, isto... a classe deve ser, sempre, unida... Todo mundo sabe, que você também conquistou o mercado  americano, fazendo Marvel... quem o agenciou, lá fora? Foi a Artecomix, do Hélcio de Carvalho (dono da Mythos)? Há quem diga que ele não tinha nada, foi esperto e "enricou" agenciando 
os tupinquins. Foi via ele que você publicou lá fora?

EMIR – O próprio. Mas, depois de alguns anos, passei a tratar diretamente com o contato da Glass House, o David Campiti. Dessa forma, eliminei um atravessador problemático, e a grana veio maior, para mim.

TONY: 29 – Gostei da estratégia. Muitos desses agenciadores cobravam, e ainda cobram, alto lá fora e repassavam uma mixaria pros artistas... pura sacanagem. Conte-me sobre sua experiência de ter trabalhado com os gringos? Valeu a pena?
 Os preços, de fato, são bons?

EMIR – Valeu a pena porque consegui investir
 em outras áreas, só com dinheiro ganho com os gringos.
 Mas, o bom da história ficava apenas nisso. Tanto que, após 13 anos trabalhando para o mercado estadunidense, chegou uma hora que chatice e a arrogância dos editores ficou insuportável, e não valia nem o bom pagamento que faziam. Por isso, desisti das editoras e editores chatos, e hoje, só faço desenhos sob encomenda para leitores comuns. Dão o mínimo de dor de cabeça, apesar do ganho mais baixo. Por sinal, reinvisto esses ganhos: é com eles que imprimo minhas edições, por conta própria e 
sem depender deditor algum.



TONY: 30 – Legal, teacher! Você foi esperto, aproveitou a ocasião, fez o pé-de-meia e caiu fora da escravidão... mas, tem muita gente que vai morrer sendo explorado, pelo simples fato de sonhar em ter status por trabalhar lá fora... fazer o quê? Cada doido com sua mania... (Rsss...). Através de um amigo - que trabalhou para os States, via uma famosa agência-, e que acabou desistindo da empreitada, acabei sabendo que os caras são chatos a beça. Vivem pedindo testes. Vivem pedindo pra mudar aqui e ali, e o pior... que a grana é demorada. Você também achou essas coisas? Eu também não tenho saco pra aguentar esses pentelhos.

EMIR – Além de exagerarem no pedido de amostras e testes gratuitos, esses tipos ainda querem que o desenhista rasteje no chão e lamba os sapatos deles. Como não tenho paciência para isso, não me enquadro no papel de capacho bajulador, e não aturo desaforo, mandei os editores pastarem (em bom português). Com respeito aos pagamentos, a maior parte dos editores com quem trabalhei não atrasavam. Havia um ou outro pilantra, mas, era raro. Só levei calote
 de um tal Brian Pulido.

TONY: 31 – Hmmm... Brian Pulido? Guardem bem esse nome, galera... picaretas existem em todas as partes do mundo... (Rsss...).
E além do mais o sujeito aí citado parece não ter sido muito "POLIDO" no que se refere a grana... (Rsss...).
 Não tamos aqui pra ficar metendo o pau em ninguém, mas, sim, pra revelar a verdade, doa à quem doer. E aqui, damos nomes aos bois, ou seria, aos boys? Pergunto: Um grande momento da sua vida?

EMIR – Os nascimentos dos meus filhos.

Tony: 32 – De fato, ser pai é uma experiência sui generis...
alguma decepção, mestre?

EMIR – Ver que muitos quadrinhistas brasileiros continuam dando seu dinheiro e sua propaganda para a concorrência, e afundando qualquer chance de haver um mercado interno forte. Decepciona-me também com a desunião da classe.

TONY: 33 – Bota desunião nisso... o narcisismo impera na maioria... mas, tem muita gente boa no metiê...
Planos para o futuro?

EMIR – Há muito deixei de planejar a longo prazo, pois, sempre há decepções. Lembro que, quando tinha 15 ou 16 anos, sonhava um dia estar numa indústria de quadrinhos brasileiros fortes, com personagens nossos ganhando espaço em rádios, televisão, cinema, revistas, e todos os artistas ganhando dinheiro, produzindo e vivendo bem. Veja hoje qual foi o resultado desse sonho... Não dá mais para se iludir, portanto.

TONY: 34 - De ilusão também se vive, principalmente, quando se é jovem e sonhador... Emir Ribeiro por Emir Ribeiro? Mas, é preciso sonhar... as vezes o impossível torna-se realidade...

EMIR – Sou somente um artista que adora criar para seu público, que gosta de ser fiel aos seus princípios, e que prefere agir com honestidade. Mas, não sou nenhum santo.

Tony: 35 - Tudo é uma questão de índole, ou o sujeito nasce com ela ou acaba se revelando um pícaro de primeira. Se eu quisesse dar calotes homéricos em gráficas, hoje estaria milhardário, morando no Morumbi ou estaria surfando em  Miami. Mas, prefiro dormir em paz... Deu para ganhar dinheiro fazendo HQs e lançando produtos independentes?

EMIR – Deu. Houve boas épocas, nas quais ganhei muito bem. Pena que já passaram.

TONY: 36 – Como diria o “profeta”: "A vida tem altos e baixos”... somos como aqueles caras de trabalham em elevadores, subindo e descendo... (Rsss...). O que vale são as boas recordações os bons momentos... ninguém fica por cima o tempo todo, nem por baixo... mas o que cai tem que subir e o que está em cima, uma hora tende a cair... A família já está tranquila, mestre? Tudo na paz?

EMIR – Sim. Nenhum dos meus filhos é bandido e nem drogado, e ganham a vida honestamente. Sou casado há 27 anos com uma mulher que pensa e age mais ou menos como eu... A diferença é que ela é bem mais paciente. Rs. Enfim, tenho uma ótima família.

TONY: 37 – Isto é que é felicidade, o resto é resto, my bengala-friend... Diga aí para os seus fãs e os fãs dos seus incríveis personagens, uma mensagem, principalmente, para aqueles que sonham em entrar nesse ramo de malucos, um dia?

EMIR – Desistam enquanto é tempo. Eh! Eh! Brincadeira. Se é isso o que querem da vida, não se detenham por nada, mas, lembrem-se de conseguir um outro trabalho ou emprego seguro que garanta um rendimento fixo todo o mês, pois, quadrinho não enriquece ninguém, no Brasil.

TONY: 38 – O Disney brasileiro, aposto que ele não pensa assim... (Rsss...). Quanto a dica pra arrumar um emprego e fazer a coisa paralelamente acho que foi sábia...
 Olha, pela minha experiência de vida e profissional, acho que não basta ter só talento, é preciso ter sorte, criar personagens carismáticos e o principal: cair nas graças do público-leitor. Por isso nunca se deve desanimar os mais jovens... de repente, pinta aí um garoto que veio pra arrebentar e muda tudo, basta ter uma boa estrela e garra. Mas, também é certo que Pelés e Ronaldos não nascem a toda hora. Pra dar certo nesse negócio é preciso ser um campeão de vendas. Disney é famoso porque é um fenômeno de venda, assim como o Maurício. O que consagra um artísta são as vendas, o resto é conversa pra boi dormir... este é um negócio como qualquer outro e como tal tem que gerar receita, é simples. Mestre, diga-me... tá valendo a pena toda esta louca batalha todo esse "perenguê"?

EMIR – Claro. Algumas vezes, é bem divertida.

TONY: 39 – Acho que o importante é que fazemos aquilo que gostamos, coisa rara hoje em dia... dinheiro é mera consequência de um bom trabalho... ele vai e volta, a vida toda. Basta batalhar, correr atrás, que ele aparece... pode não ser muito, mas é o suficiente para sobrevivermos... (Rsss...). Ninguém pecisa de zilhões para viver e, sim, pra esnobar os outros... Não fazemos o que fazemos só pelo vil metal... estamos nessa porque adoramos aquilo que nos propomos a fazer. É simples e óbvio... O papo tá bom, mas infelizmente, estamos chegando ao fim desta esclarecedora e inteligente entrevista, bengala-Emir... vai haver muita polêmica por aí, depois dela, com certeza (Rsss...).
  Valeu, mesmo... só me resta agradecer por sua especial
atenção e desejar à você e à sua família Boas Festas e um Ano Novo (2011) super especial! E que o seu sucesso perdure, por anos a fio, pois a batalha continua em prol das HQs nacionais, grande guerreiro e bengala-brother! Brigadão! Tô doido pra curtir umas férias, pegar uma praia... esse ano não foi fácil...

EMIR – Beleza, velho Tony. O mesmo para você e sua família.

TONY: - LEMBRETE... quem quiser adquirir as 
publicações do mestre Emir, para curtir neste final de ano,
 visite o site... 
www.emirribeiro.com.br
Ou peça pelo e-mail... 
emir.ribeiro@gmail.com

BOAS FESTAS À TODOS!
UM FELIZ 2011
 (com menos buchas pra pagar! - espero...)



Copyright 2010\Tony Fernandes\Estúdios Pégasus-
São Paulo\Brasil
Uma Divisão de Arte e Criação da
Pégasus Publicações Ltda
Todos os Direitos Reservados




















7 comentários:

  1. Estou indo dormir agora porque estou caindo de sono (amanhã me delicio com essa entrevista) mas já adianto que o EMIR RIBEIRO além dum puta amigo é seguramente o MAIOR autor de quadrinhos nacionais da minha geração... Infelizmente nem todo mundo teve o privilégio de ter acesso a tudo o que ele fez e vem fazendo, principalmente porque edições autorais de pequenas tiragens atingem poucas pessoas, mas não conheço outro autor que criou um universo tão coeso, tão rico de personagens e tão deliciosamente gostoso de ser lido. Só a VELTA já basta pra qualquer leitor se acabar e não apenas pelo visual dela, mas pela trama sempre muito bem tecida por esse autor admirável que é o EMIR... Tive a honra de representá-lo (a ele e a outro SUPER ARTISTA, o DEODATO!) na entrega do Angelo Agostini de 2009... e acho o máximo tê-los como amigos. Só lamento que nenhum articulista de quadrinhos citou isso... rsss...
    Tenho uma foto deles quando criança e a gente tem a impressão que estavam tramando o futuro, dividindo um bolo: O Deodato iria brilhar lá fora como um dos maiores do mundo e o Emir iria brilhar aqui dentro, no Brasil. Foi a maneira singela que dois grandes feras dos quadrinhos e amigos encontraram de dividir um futuro magnífico, rsss...
    Grande abraço Emir.

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  2. Beleza, velho Tony. Seus comentários adicionais sempre aumentam o brilho de seu trabalho como entrevistador.
    E, complementando parte da conversa com relação à bebidas alcóolicas: não gosto dela para ser santinho ou por motivos religiosos, mas sim, porque acho o GOSTO PÉSSIMO. E beber coisa ruim, não é comigo. Simples preferência pessoal, portanto.
    E, quando tenho sede, não me interessa cerveja. Melhor é um gelado copo de água.
    Abração, amigo-bengala (mas, que diabos significa esse termo que vc usa???).
    Emir
    www.emirribeiro.com.br

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  3. Beleza, velho Tony. Seus comentários adicionais sempre aumentam o brilho de seu trabalho como entrevistador.
    E, complementando parte da conversa com relação à bebidas alcóolicas: não gosto dela para ser santinho ou por motivos religiosos, mas sim, porque acho o GOSTO PÉSSIMO. E beber coisa ruim, não é comigo. Simples preferência pessoal, portanto.
    E, quando tenho sede, não me interessa cerveja. Melhor é um gelado copo de água.
    Abração, amigo-bengala (mas, que diabos significa esse termo que vc usa???).
    Emir
    www.emirribeiro.com.br

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  4. Antes de qualquer coisa, devo deixar registrado ao Tony os meus parabéns pela belíssima - e longa - entrevista com este que é, certamente, o maior exemplo de luta em prol dos quadrinhos nacionais do gênero super-heroico.
    Gostar ou não do trabalho do Emir é um fato tão pequeno... bastaria RESPEITAR a carreira deste homem!
    Apendi muito com Emir, tanto por meio de suas produções quanto em nossos diálogos via e-mail.
    Emir e Tony, parabéns a vocês!
    Quisera eu, um dia, chegar a fazer metade do que vocês já fizeram em prol das HQBs!!!
    Abraços!

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  5. Tony, outra magnífica entrevista.

    Sou grande fã do Emir e tenho quase tudo que saiu de Velta e, se alguma coisa me falta é muito pouca. Alguns álbuns valorizados pelo autografo do Emir, cujas edições sempre compro na Bodega do Léo, de nosso Amigo comum Leonardo Santana.

    Emir é um guerreiro dos quadrinhos nacionais, além de extremamente talentoso.

    Grande abraço

    Alvarez

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  6. Caro amigo Tony é enriquecedor a lucidez e a coragem desta entrevista/depoimento de dois mestres do quadrinho nacional, infelizmente essa molecada de hoje lê isso e acha que é inveja ou raiva gratuita, mal sabem eles a lama que rola debaixo do tapete do mercado de uqadrinhos no Brasil, infelizmente.
    Sobretudo gostaria de citar José Salles também grande visionário e defensor dos quadrinhos brasileiros!
    Emir me ensinou muito também em minha trajetória e que a honra e o respeito próprio não tem preço, é preferiu ter 100 leitores fiéis e verdaeiros, do que uma legião de marias-vai-com-as-outras, modistas e alienados!
    Parabéns a voce pela entrevista excelente e ao Emir pelo seu legado!
    Edu Manzano

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  7. Edu, nossa fibalidade, aqui, é mostrar nossa experiência acumulada ao longo dos anos. Estamos calejados de tomar porrada, vc sabe... e é através dos erros que vem a sabedoria, a visão real do mercado. Enfim, cai a ficha!
    Só espero q essa molecada, de hoje, entenda o q tentamos transmitir e trilhe por um caminho melhor de forma mais consciente.
    Mas, vc sabe... a maioria é obtusa. Fazer o quê, né? O Emir, além de um grande artista super consciente, de fato, tem um legado impressionante e soube conquistar seus leitores. Grato, pela visita!
    Boas Festas e um feliz 2012!
    Muito sucesso!

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